Competências para o século 21
O termo “competências para o século 21” se refere a um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitutes e competências, que preparam os alunos para a vida acadêmica, profissional, pessoal e em comunidade. Muitas vezes, o termo é substituído por sinônimos como competências não-cognitivas, habilidades interdisciplinares, transversais ou socioemocionais. Essas capacidades transcendem as expectativas de aprendizado relacionadas a conteúdos acadêmicos e podem estar presentes nas rotinas de todas as disciplinas escolares.
Saiba mais:
>> Especial Competências Socioemocionais: Como preparar alunos para o século 21, Porvir
>> Definição de Competências para o século 21, Edsurge
Não há apenas uma definição, no entanto, de que elementos compõe esse conjunto de competências. Uma das abordagens mais comuns é a dos 4Cs (abreviação em inglês): comunicação, colaboração, criatividade e pensamento crítico. Já a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) adota uma concepção de competências socioemocionais que envolve as capacidades de atingir objetivos (perseverança, autocontrole, entusiasmo para atingir objetivos), trabalhar com os outros (cordialidade, respeito, cuidado) e gerir emoções (calma, otimismo e confiança).
O consórcio ATC21S, liderado pela Universidade de Melbourne em colaboração com governos, organizações internacionais, pesquisadores, empresas e instituições de ensino, define as competências em quatro categorias: maneiras de pensar (criatividade e inovação, pensamento crítico, resolução de problemas, tomada de decisões, capacidade de aprender a aprender e metacognição), ferramentas para o trabalho (tecnologia da informação e alfabetização digital), formas de trabalhar (comunicação e colaboração) e maneiras de viver no mundo atual (cidadania, responsabilidade pela própria vida, desenvolvimento profissional, pessoal e social).
Independente da definição utilizada, cresce a percepção de que os conhecimentos acadêmicos não dão conta de preparar os jovens para lidarem com grandes temas da atualidade, realizarem projetos de vida, exercerem profissões e sua cidadania, em um mundo em constante transformação. Por isso, o ensino de tais competências já se tornou intencional em algumas escolas e redes, como ocorre na The Future School Program, em Pequim (China). A escola usa uma abordagem que integra a aprendizagem baseada em projetos – feitos de forma colaborativa e com experimentação, para desenvolver competências como criatividade e senso crítico.
Personalização
O termo personalização – ou ensino personalizado – é usado para se referir a estratégias pedagógicas diversificadas que levam em consideração que os alunos aprendem de formas e em ritmos diferentes, já que também são diversos seus conhecimentos prévios, habilidades e interesses. Enxergar cada aluno como um sujeito único e promover a autonomia são preocupações que permeiam a educação há muitos anos, mas a personalização ganhou força como tendência atualmente, tanto pelas possibilidades que a tecnologia oferece para colocá-la em prática como pelas demandas da sociedade.
Se em séculos anteriores fazia sentido dividir alunos em classes por idade e oferecer um aprendizado padronizado para prepará-los a exercer atividades repetitivas em grandes grupos, a escola hoje precisa formar jovens para exercer atividades cada vez mais específicas e complexas, em ambientes culturalmente diversos. O processo de ensino que oferece uma solução única e massificada – centrada na transmissão de conhecimento –, além de não dialogar com a sociedade contemporânea, não permite que os estudantes tenham trajetória educacional com foco em seus projetos de vida.
Saiba mais:
>> Especial Personalização do Ensino: como colocar o aluno no centro da educação, Porvir
>> Definição de personalização, EdSurge
Diferentes estratégias são usadas para promover o ensino personalizado, algumas centradas no uso de plataformas adaptativas que identificam ritmos e características de aprendizagem de cada aluno e permitem a aplicação da metodologia conhecida como ensino híbrido (mescla de atividades online e presenciais), aplicada na rede de escolas Summit Public Schools, nos Estados Unidos, que ainda incentiva alunos a desenvolverem projetos e promove mentoria individual para personalizar o ensino. Já no Colégio Estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro, os estudantes do ensino médio têm um programa de estudo orientado, no qual um educador os ajuda a aprender a estudar.
Experimentação
Na contramão do ensino tradicional baseado na teoria e transmissão de conteúdos, que é muitas vezes distante da realidade dos alunos, novas metodologias procuram desenvolver o aprendizado a partir de experiências práticas. Esses processos, que desafiam os estudantes a construírem seus conhecimentos a partir da elaboração de um produto ou projeto que faça sentido para a vida real, integram a tendência de aprendizagem mão na massa (hands-on) ou experimentação.
Estudos neurológicos demonstram que a atividade cerebral dos estudantes é mais intensa quando vivenciam atividades educativas interativas e práticas do que quando assistem a aulas expositivas. Na Universidade de Stanford (Estados Unidos), o Transformative Learning Technologies Lab estuda o impacto do uso de diversas tecnologias no aprendizado a partir de projetos. Em recente pesquisa, os especialistas concluíram que o aluno absorve melhor os conhecimentos quando tem a oportunidade de experimentar antes da teoria.
Saiba mais:
>> Movimento Faça Você Mesmo chega à escola, Porvir
>> Definição de Movimento Maker, Edsurge
As oportunidades de experimentação podem ser viabilizadas em atividades realizadas em laboratórios de fabricação digital, aulas de programação e robótica, produção de peças de mídia, atividades artísticas, ações de intervenção na comunidade e outros projetos interdisciplinares. Por meio do desafio global Design for Change, por exemplo, que incentiva crianças a pensarem em mudanças que gostariam de fazer ao seu redor, alunos constroem projetos que vão desde desafiar superstições dos mais velhos em comunidades rurais até encontrar uma forma de ganhar dinheiro para comprar computadores para a escola. O movimento internacional Fab Education, por sua vez, oferece suporte para escolas construírem laboratórios de fabricação digital (Fablabs) equipados com máquinas como impressoras 3D, fresadoras e cortadoras a laser para o aprendizado integrado de disciplinas como ciências, tecnologia, engenharia e matemática.
Uso do território
O entendimento de que o aprendizado não ocorre apenas dentro da escola é a base para uma concepção de que utiliza os ativos do entorno da escola para ampliar tempos, espaços e agentes da aprendizagem. Nessa abordagem estão incluídas atividades que conectam estudantes com as comunidades ao redor, por meio da utilização de museus, praças, centros culturais, empresas, clubes e outros locais.
Essas práticas partem do pressuposto que, ao ampliar a interação de atores e a ocupação de locais, se criam novas oportunidades de aprendizagem e a comunidade também se torna responsável pela educação das crianças e jovens. Sem muros, a ideia de que só professores e especialistas detêm o conhecimento cai por terra; todos os moradores, ou mesmo empresas e instituições do bairro em que as escolas estão inseridas, podem colaborar com experiências e saberes na construção do aprendizado – o que também pode contribuir para o desenvolvimento local.
Saiba mais:
>> Definição de território, Centro de Referências em Educação Integral
>> Definição de Cidade Educadora, Centro de Referências em Educação Integral
>> Definição de uso do território, The Glossary of Education Reform
O uso do território se dá de diversas formas: algumas aproveitam recursos da comunidade para a promoção do aprendizado e outras que vão além, propondo intervenções. Na primeira perspectiva, é possível relacionar conteúdos do currículo com investigações em ambientes próximos à escola como, por exemplo, pela realização de pesquisas in loco sobre animais que vivem na área, entrevistas com moradores e profissionais do bairro, aulas dentro de estabelecimentos comerciais ou industriais e promoção de palestras de pessoas ou grupos que tragam conhecimentos e experiências para os alunos. Outros projetos mobilizam estudantes a serem mais ativos na comunidade, como programas que os incentivem a fazer estágios em empresas locais ou a investigar problemas do bairro e propor soluções.
As práticas do uso do território podem partir de iniciativas das escolas e universidades, que se abrem para o entorno. Esse é o caso do Projeto Minerva, uma instituição de ensino superior itinerante e sem campus fixo em que parte do aprendizado ocorre de forma virtual e outra parcela acontece em grandes metrópoles do mundo; ou são fruto de uma articulação comunitária maior, que envolve diferentes agentes da cidade – como é o projeto Cidade Velha, que transformou Barcelona em uma cidade educadora.
Novas certificações
Em uma realidade em que as oportunidades de aprendizado são diversificadas e não acontecem apenas pela transmissão de conteúdos dentro do ambiente acadêmico, os diplomas de conclusão de etapas de ensino não dão mais conta de comprovar todas as competências adquiridas ao longo da vida. Para responder à necessidade de reconhecer todas essas capacidades de forma modular – e por meio de diferentes experiências educativas, como cursos online, estágios em laboratórios, realização de projetos e trabalhos voluntários – surgem novas formas de certificação.
Com ferramentas que formalizam diferentes vivências, um profissional de engenharia consegue comprovar que tem competências para escrever relatórios, por exemplo; um aluno de ensino médio pode mostrar que é um bom programador. A comprovação de tais competências não substitui os diplomas tradicionais, mas gera minicertificações que podem compor um portfólio mais abrangente e personalizado de profissionais e estudantes que têm o potencial de facilitar o ingresso em outras formações ou garantir uma vaga de trabalho.
Saiba mais:
>> Definição de badges, Edsurge
Por outro lado, ao valorizar as novas formas de aprender, as novas certificações são instrumentos que podem qualificar o mundo do trabalho e os ambientes acadêmicos. Empregadores e equipes de seleção de universidades que reconhecerem certificações que vão além do histórico escolar terão melhores condições de analisar o perfil dos candidatos e formar grupos mais assertivos e diversos. Entre as experiências de novas certificações apresentadas no InnoveEdu estão o projeto Open Badges, da Fundação Mozilla com a Fundação MacArthur – que distribui medalhas digitais que certificam aprendizados adquiridos virtualmente ou fora do ambiente escolar e que podem ser acrescentados em perfis de redes sociais, sites de emprego e blogs. A Udacity, plataforma de cursos online, oferece um nanocertificado (nanodegree) para cursos que desenvolvem habilidades específicas para o mercado de trabalho.
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